Num texto seco,
escrevo
sobre como não há silêncio absoluto e um mar.
Quero toda minha obra pobre sobre essas marcas de pó.
A falta de som
amontoa pequenos significados juntos
como na pequena gota de sangue
a carregar todo o registro
do que somos éramos seríamos seremos. Sérios rios e serenos.
Não usar o presente como fotografia. Tampouco usá-las para viver de modelos
As pessoas não conversam
depois das chuvas
os automóveis carregando
um chacoalhado ao lado do outro
no modo da mãe com seus bebês
os televisores falam sozinhos
para casais na sala escura
seus filhos adormecidos
ou com homens sozinhos
sentados no terreno grande
lavrando a chuva de espera
sem desejar que muda ela seja
a árvore e a hora certeira.
Os momentos e poemas sem sal
apenas os são, mais nada. Eu leio as ondas
para saber que não consigo escrevê-las.
E os seus movimentos ritmados
nunca se repetirão no chão das minhas rimas meninas, coração.
Olhar-nos nus é o mesmo que estar
diante das águas. Onde levam
aquela folha que você via correr na calçada
quando os mais velhos a lavavam?
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