Às vezes
deitado no meu leito
sou uma cidade
e suas árvores.
Minha respiração
que ofega
é o ir e vir
do sangue verde
ele é rio
para os deuses
que dançam sobre mim.
Cada folha
uma parte de um quebra-cabeças.
No tronco,
um mosaico
onde comem e dormem
vermes e passarinhos.
Respiro
e as estradas
viadutos se erguem
para atravessarem (travessos)
carros e crianças.
Virar para o lado
e beijar
suas pálpebras
me fará
desmanchar em água nova
e toda a vida
começará
oceano oceano oceano.