sábado, 16 de julho de 2011

Barco


Eu achava que, ao apagar as luzes da casa pela noite, estava fechando escotilhas de um grande barco. Nesse casco enorme, me fortaleci e aumentei como um gigante. Era apagar a luz do fundo, depois corredor e a ponta.


Cada ranhura no convés são as cicatrizes e desenhos apaixonados feitos pelos piratas, tripulantes e um menino com jeito de capitão.

No ir de onde fui por passagem, muitos encontros e desencontros: instantâneos que se diziam eternos desfazendo-se na maré baixa.

Minha ternura com o ranzinza vento noturno entre as águas.

O brilho perolado e verdadeiro. E o tecido negro do céu desfazendo-se em falsos e verdadeiros orifícios luminosos.
Estive só, viajei, encontrei, desencontrei, amei e as velhas velas me fazem de brânquias e memórias. Circulado num azul de limites, amigo dos peixes mistérios e encantos do humano.

Tudo isso para agora te ver e perceber que a proa das pontas, pros corredores e luzes que afundam desembocam nas praias de, reconhecendo?, ter encontrado eram: você.

domingo, 3 de julho de 2011

Acidente

Você me concede
de novo
esse doce acidente?

Cede
o esbarrar leve

e licoroso
dos meus dardos
sobre o teu beijo
de gosto?

E me despeço
mais uma vez,
no pescoço...
perdão!

Mas meu sonho
quer que cresça o contato

enamorado e voraz pegando
mais
da sua boca bela pele cabelos
é o tato é o tato é o tato.

O que em mim não possui nomes
ou regras deseja-te perto
num aperto seguro
entre abraço apertado e soltura

é doçura
tão somente
o que sinto:

não me devem punir
por pedir

a deus, remoçado, rezando
somente que caiam do vento
molhados

seus lábios nos meus, tão meninos.