sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
Oração para a menina das pedrinhas
Aquela que dei não era uma
e
pergunto-me, oro:
- Onde tem andado, rondaria
minha menina das pedras, pedrinhas?
Se aparecesse
poderia saudá-la: suspiros,
sua vinda constelando. Sons.
Contaríamos nas trocas todas
estórias, rodas – andor, linhas – estrangeiras
mas...
não podendo haver
ela tão linda, alta, trimtrila-me
estrelas num céu profundo. Sims.
Junto
senta-se desenhando
rabo de cavalo
cascalhos, jóia e joio
dados.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Canção do fogo
Companheiros meus, é noite,
aquecemo-nos.
Na fria hora
dos cães carcomerem carne,
juntos, na óssea flama,
nos venhamos esquentar.
Por entre câmaras,
ausentes os finos fios de cabelo
que o chapéu tenta dar proteção
cubramos esqueléticos caninos na chama, companheiros.
É na faísca
que distantes legiões
conosco vem comungar,
portanto
em nossa alucinação faminta
estendemo-nos, irmãos,
no fulgúreo tutano deste ir-se.
Ilustração gentilmente cedida por Mari Calil.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Cuidados
Levar as canções que ouves
como conselho
pode perdir-te
uma certa perigosa liberdade
com a qual nada no mundo se acostuma.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Autorretrato
Eu sou
um cinegrafista amador
que escreve
os movimentos da imagem
amando-as
e, no elevador,
nada produz
mas
na roça, dança.
E as minhas palavras
retratam
as maravilhas imperceptíveis
e os enormes desastres
do humano
com caixas pequenas
(é assim que as quero, poemas).
Nas mãos
levo uma semente
de liberdade
e, por ela,
me exilam
envenenam
ou tentam os caminhos
fecharem.
Acontece que
o amor não é controle
(isso aprendi)
e não sou
quem manda
nos movimentos justos
do vento.
um cinegrafista amador
que escreve
os movimentos da imagem
amando-as
e, no elevador,
nada produz
mas
na roça, dança.
E as minhas palavras
retratam
as maravilhas imperceptíveis
e os enormes desastres
do humano
com caixas pequenas
(é assim que as quero, poemas).
Nas mãos
levo uma semente
de liberdade
e, por ela,
me exilam
envenenam
ou tentam os caminhos
fecharem.
Acontece que
o amor não é controle
(isso aprendi)
e não sou
quem manda
nos movimentos justos
do vento.
domingo, 1 de janeiro de 2012
Esquerdo
Meu lado esquerdo
é o avesso
e são as vezes
em que falei contigo
mas não houve resposta.
Ele
é das vozes
que desenham rostos
nas manchas da parede
e dos outros também,
mas meu, por carinho.
A pulsão e pulsação
subterrânea e clara
dos meus movimentos quando
deitado no chão.
E as imagens
a me aparecerem
na antessala do sono.
Mas não posso
chamar de sombra
o que na luz se desenha.
A virada da montanha
é o que se lia
nas mãos.
Essa é minha onda negra
a tácita feiúra
e os cascos de um animal
mas levados
como órgão vital
ou a marca lavra da palavra.
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