sexta-feira, 20 de maio de 2011

Para ouvir um concerto de Paganini

Sou o primeiro na noite
a ouvir quando a gota
cai sobre a folha

e o que se desenha
na queda

é
a sua canção.



Difícil de ler
porque sinuosa
seca e doce.

Vejo-nos soterrados.

Essa melodia
atravessa
por sua natureza gentil
brotos
uma nota. E respira. Areja,
são arcos verdes.

Respiração arfante
agitada e silenciosa.

Ela é o andar sobre curvas
de um instrumento emudecido
embevecido e úmido

- o que o molha? lágrimas? sereno? essa mistura dos dois? -,

a tua música. Leio as páginas
mas as palavras escondem tudo
os sons iludem

tua figura de frágil força.