quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre garrafas e memórias

Não me lembro
se já escrevi sobre isto antes.

A garrafa que guarda
suco de uva e vinho
quando esvazia
            deixa restos
            riscando o vidro.

Pode-se chacoalhá-la
e ter algum som
ou
ver os desenhos
que se formam
            nas paredes
            desse continente cristalino.

Com a memória
não há diferença.
De um caminho para outro
nos movemos
            conteúdos
            formando imagens do que restou
            frutas bebidas pequenos festins
            tudo desaguando
            em rios e aquários de rubra peça.

Pesca-se o restante montando cabeças em
troncos
e pernas invertidas, um brinquedo infantil.

Se queres entrar, peça-me passagem.

Lembrar não é recordar
mas, aos poucos, por cheiro gosto
e ódio
ir recompondo esses quebra-cabeças
            das crianças avessas
   que fomos eu e tu
            os trabalhos perdidos
                                    a esperança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário