Meu telhado abriga muito.
Chove - a cidade num aquário -
trazendo, de repente, a ele:
um lenço branco.
Não é uma noiva, atenção! Sobre a cabeça, miragens.
Nele
já havia o túmulo de um passarinho
e um sapo-folha
a cochilar cochichos de costas para nós
difícil identificá-lo
enquanto chuva não passa.
Da antena, captamos
sinais estrangeiros
e memórias do passado
em idiomas retintos. A fabricação do presente
é distinguir onde uns começam e as outras terminam.
Há uma pasta negra e limo
nos formam
a mim e as telhas
para proteger-nos de sol e alagamentos
dessas avalanches de água duma natureza vingativa.
Elas também são gotas no vidro
pro casal que se conhece e a
usa à sons de fundo.
Eu quero esse telhado me guardando
o bom
e de toda gente escrota desse mundo.
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