quinta-feira, 30 de maio de 2013

Não se pode assaltar um espírito livre



Não se pode
roubar assaltar ou mutilar
um espírito livre.

Se lhe roubam
dedos (ou aneis)
vai o tempo
e os repõe.



Quando o assaltam nas ruas

as verdades o passado
o genuíno cuidado
os amores e o carinho
a história

como planta vigorosa
tudo refloresce teimosamente
em seu corpo ferido,
entre nuvens. A despeito do seu desejo, eu sinto.

Ao sorrirem para eles
nos transportes públicos
as crianças
não é a carne o que se vê:

um menino somente
consegue enxergar outros meninos
nos olhos cristalinos
e suas formas divinas.

Porque todos os homens
que se aproximam
da beleza e da verdade
(e por elas lutam, os imprescindíveis)
carregam seus deuses
em suas cabeças e os olhos agudos.

Sobre essa flor
de pétalas dentadas
e ervas verde-amareladas
eu olho para os meus amigos...
e as pessoas que amei:
como mudamos todos, não?

Que enorme distância
entre o que dizíamos acreditar falar
e o que foi feito das nossas vidas, né?

Mas não se irritem.
Em um bom café
forte doce
e uma conversa
tudo ficará branco
e claro. Bastará misturar
com os fatos e o tempo.

Dez anos passados
para a descoberta da nossa
verdadeira vocação:

amarmos
e sermos amados.
Sem excessos.

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